sábado, 7 de agosto de 2010

Sexta Parada: São Bernardo do Campo - Estrada Velha do Mar

Sexta Parada: As Curvas da Estrada de Santos
Texto escrito em 24 de Fevereiro de 2007

Inspirados no famoso hit de Roberto Carlos*, esta semana nós Desbravadores, novamente com a participação do amigo Wilson Yamatumi, fomos conhecer um dos lugares mais bonitos do ABC, embora não esteja totalmente dentro dele. Estivemos nesta semana no Alto da Serra, passando pelo que é denominado Pólo Ecoturistico Caminhos do Mar (municípios de São Bernardo do Campo e Cubatão).

Para quem não sabe, o Pólo Ecoturístico Caminhos do Mar é a parte fechada da Estrada Caminho do Mar, anteriormente chamada Estrada Velha de Santos e também conhecida, simplesmente, por Estrada do Mar. Com o intuito de preservar a estrada histórica e todo o seu entorno, em 1994 a iniciativa privada fechou a via na altura do km 42, transformando-a num Pólo Ecoturistico e, posteriormente, em Parque Estadual. O passeio, em que se desce a serra a pé pela Estrada do Mar, é monitorado e precisa ser agendado com certa antecedência. A recomendação dos Desbravadores é que se visite o Pólo às quintas feiras, em que a taxa de entrada é de apenas R$ 1. Nos outros dias há preços diferentes, como é o caso dos finais de semana em que a taxa chega aos R$ 20.

O Lugar

O dia amanheceu nublado, meio chuvoso, mas como já tínhamos agendado e não queríamos perder a oportunidade, nos encontramos às 7h30 no centro de São Bernardo. Dentre a espera pelo ônibus e o percurso demoramos pouco mais de uma hora, chegando ao local por volta das 8h40.

No Alto da Serra, para nossa triste surpresa, caía uma chuva importuna e intermitente, chata, por assim dizer. A neblina da serra também nos tirava quase toda a visibilidade, engolindo toda a paisagem com uma névoa branca e densa. Nossa sina de Desbravadores, contudo, não nos deixaria voltar sem alcançar o objetivo. Aguardando que mais gente chegasse – e ficasse, porque duas pessoas foram até lá e desistiram – esperamos até as 9h05. Havia mais dois para descer conosco, monitores a postos, e fomos. Encarar a maratona não seria fácil – afinal são pouco mais de 8km, ainda mais com tais condições climáticas. Mas fomos, e provamos que somos desbravadores até debaixo d’água!

Nossa primeira parada foi breve, numa casa que servia de “Quartel General” aos engenheiros da Usina Henry Borden, a qual possui boa parte de suas instalações dentro do Parque Estadual. Naquela casa pode-se usar os banheiros e comprar água e souvenirs, além de visualizar uma maquete que mostra todo o caminho a ser percorrido desde o Alto da Serra até Cubatão, com seus devidos monumentos e construções. Tudo o que foi construído no caminho tinha como objetivo servir de mirante para a serra, e cumpriram seu papel até o crescimento de árvores mais novas em frente a alguns deles.

Continuando a descida, não demorou muito para que nos deparássemos com a placa de Divisa de Município (São Bernardo/Cubatão) e logo mais, depois de algumas curvas bem sinuosas, com o primeiro monumento: o Pouso Paranapiacaba. Em tupi, Paranapiacaba significa “local de onde se pode ver o mar” e o pouso servia para descanso dos viajantes em meados dos anos 1920. Chama a atenção do lado de fora do pouso uma parede com o mapa da região Sudeste do Brasil, todo pintado a mão sobre azulejos brancos.

A chuva já cessava quando chegamos à segunda parada, o Belvedere Circular, primeiro cruzamento da Estrada do Mar com a Calçada do Lorena (primeira via pavimentada da América Latina, que por ser escorregadia não percorremos em virtude da chuva). O Belvedere tinha como função principal ser mirante e ponto de parada, permanecendo intacto até os dias atuais; a próxima parada foi o Rancho da Maioridade, ponto de descanso e reabastecimento para aqueles que faziam a dura e longa viagem entre Santos e São Paulo.

Foi no Rancho da Maioridade que fizemos uma parada para um pequeno lanche, a fim de nos reabastecer. O ponto é estratégico por ser um dos maiores monumentos do trajeto, então havia muitos detalhes a serem observados. Durante nossa estada por lá os monitores também comentaram sobre os quatro tipos de pavimentação da estrada, feitos em épocas diferentes, e que são um marco para a história das Américas e de sua evolução, principalmente no campo dos transportes.

Alimentados, seguimos rumo ao Padrão do Lorena, construído em homenagem a Bernardo José Maria de Lorena, governador da província paulista no século XVIII e responsável pela construção da Calçada do Lorena, que tem esse nome em sua homenagem. Foi ali que pudemos observar uma das obras de arte mais bonitas que já vimos: um painel de azulejos pintado a mão com imagens de tropeiros e mulas carregando mercadorias.

Já estávamos perto do fim de nossa jornada quando cruzamos com algumas cachoeiras, de vários tamanhos. Próximo a uma delas há uma bica, onde pudemos matar nossa sede com uma água mineral saborosa.

Três horas depois e chegando ao km 50, chegamos ao pontilhão da raiz da Serra, final do trajeto São Bernardo/Cubatão pelos Caminhos do Mar. A subida foi tranqüila e realmente muito rápida, pois estávamos com muita disposição para ela. Disposição sim, porque fomos sentados e quase dormindo no microônibus que nos ofereceram para nos trazer de volta ao Alto da Serra, início do passeio.

O Trajeto:

Desta vez nos encontramos no Paço Municipal de em São Bernardo, onde pegamos o ônibus municipal linha 31 e nele passamos por todo o centro a cidade, Terminal Ferrazópolis, Via Anchieta até o km 29, centro do Riacho Grande, Pq. Estoril, Vila das Garças, Bairro Capelinha e por fim, Alto da Serra. A volta se fez pelo mesmo caminho, saindo pelo km 23,5 da Anchieta. O trecho da Estrada do Mar desde o Riacho Grande até a entrada do parque é conhecida por Rota do Peixe, e ali é possível apreciar pratos saborosos a base de peixe e outras combinações. Assim como a Rota do Frango com Polenta, trata-se de um trajeto gastronômico de muito bom gosto e reconhecido inclusive fora daqui.

As 3 horas de caminhada foram para nós como 30 minutos e nos trouxeram, além das belezas da mata atlântica, um excelente exercício físico. Os monitores acompanham o ritmo do pessoal que desce, e prova disso foi o grupo de terceira idade que percorreu a estrada logo atrás de nós. Esperamos ter mostrado um pouco do lugar, sempre ressaltando a necessidade da preservação de nosso patrimônio natural e histórico, hoje representado pelas matas e monumentos.

Façam como o grupo ABC Bus e os Desbravadores do ABC: CONHEÇA A SUA CIDADE! (e também os Caminhos do Mar, por que não?!)

* “As Curvas da Estrada de Santos”, em nossa versão na voz de Elis Regina.


SERVIÇO: Hoje (2010) a descida e a subida são feitas a pé, não há mais o micro-ônibus. As visitas devem ser agendadas pelo telefone (11) 3333-7666

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde.
Os telefones e o serviço de "agendamento de entrevistas" do Governo do Estado de São Paulo não funcionam ou não respondem. Tentei, depois que "reabriram" para o público "ecoturista".